sábado, 11 de julho de 2015

Conto: O calabouço do medo



Me vi preso por algemas em uma mesa de madeira, de uma forma que qualquer tipo de movimento que eu fizesse forçaria dolorosamente cada tendão de meus membros. Mãos e pés impossibilitados em uma sala onde o único ponto de iluminação era uma lampada pendurada por um fio desencapado. Ela pendulava a poucos metros de minha cabeça e na verdade sua luz não era suficientemente forte para me fazer enxergar todo o lugar. 
Estava muito abafado eu sentia um cheiro nauseante de urina e...sangue? Sim, definitivamente era cheiro de sangue, e eu não queria saber o porquê disso, as possibilidades me assustavam, mais do que eu já estava.
Tentei me mexer o quanto podia, e a dor em meus pulsos e tornozelos sendo apertados pelo frio aço quase me fez desistir algumas vezes antes de me cansar. A única coisa que ouvia era o eco de minha respiração ofegante. 
Enquanto recuperava o folego tentei pensar em quem teria me prendido e por que, mas fui interrompido por um barulho metálico vindo de alguns metros na direção da minha cabeça. 
Passos, passos e o atrito de algum tipo de metal contra o chão. Me inverguei o maximo que pude para tentar ver o que era e quase dei um jeito em meu pescoço para tal. Minha visão enfim estava acostumada a iluminação, mas ao ver aquilo preferi mil vezes estar cego. Meu sangue gelou, meus músculos ficaram dormentes de medo ao contemplar as formas da criatura que lentamente vinha em minha direção. Meus olhos queimavam pela força que eu fazia para tentar acreditar no que via, mas o horror daquela cena me fazia ver milhares de bolas pretas piscando. 
Não sei como descrever, poderia ser um golpe da minha mente avisando que depois dos últimos dias finalmente havia perdido a sanidade. As formas não definidas me confundiam, mas eu ainda sabia reconhecer a imagem daquele cutelo que sacudia grosseiramente naquilo que talvez fosse sua mão. 
Por pouco não desmaiei, mas não antes de tentar outra vez me debater para escapar daquele lugar. Gritei o máximo que meus pulmões permitiram, senti gosto de sangue saindo de minha garganta, lágrimas me escorreram dos olhos como se fosse uma criança. 
Inútil. 
Ele já estava a uns dois passos da mesa onde eu estava. Olhei para cima em uma vã tentativa de pedir piedade, mas nem sei se ele estava me entendendo . A criatura me olhou por um tempo, meu corpo já havia desistido de lutar, ele levantou o cutelo sobre sua cabeça, não tenho certeza, mas acho que essa é a última coisa que me lembro.